Idoso no Mercado de Trabalho


O envelhecimento tornou-se uma realidade que tem vindo a suscitar a preocupação quer da parte do estado dos vários países, quer da parte das suas comunidades, sendo exemplo disso o documentário visionado. É verdade que o envelhecimento é um desafio que se coloca aos governos, as causas deste envelhecimento são amplamente conhecidas, no entanto aquilo que tem que se feito prende-se com a necessidade de adotar estratégias que promovam o bem - estar dos cidadãos, a qualidade de vida e a sua integração na sociedade.  

O sociólogo António Barreto considerou que a sociedade atual está "desajustada" das alterações demográficas, pelo que faltam estruturas para responder à população mais idosa.

Segundo António Barreto, "As sociedades criaram os idosos pela melhoria da saúde, pelo aumento da esperança média de vida, e ao mesmo tempo não se adaptaram. As sociedades estão desajustadas".

O presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos considera que "as sociedades não estão preparadas para tratar os idosos que elas próprias criaram", pelo que emergem problemas como a sustentabilidade das reformas, a necessidade de cuidados paliativos e mesmo no mercado de trabalho. António Barreto criticou esta quarta-feira a idade de reforma obrigatória e referiu que uma maior percentagem da população idosa activa permitiria uma maior contribuição económica.

A fundação Francisco Manuel dos Santos apresentou, o seu mais recente ensaio ”Discriminação da Terceira Idade”, da investigadora Sibila Marques, que visa apelar ao fim da discriminação dos idosos e a uma mudança ideológica do modo como o envelhecimento é encarado nas sociedades. 

António Barreto, presidente da fundação, diz não compreender a preferência dada aos mais jovens e critica ainda a “idade da reforma obrigatória”, afirmando que os idosos não devem ser “obrigados” a reformar-se ou até “proibidos” de exercer as suas funções, como conta já ter acontecido. Barreto defende que “a idade da reforma possa ser adequada à saúde das pessoas, ao desejo das pessoas, à liberdade de escolha, às possibilidades do empregador e das empresas”.
E adianta que se uma maior percentagem da população idosa “estivesse activa”, conseguiria “contribuir economicamente” para a sociedade. A autora do ensaio defende uma avaliação do desempenho entre os profissionais de idade mais avançada, como já acontece entre os jovens. Deste modo, a continuidade dos profissionais mais velhos nos seus postos de trabalho não seria impedida como consequência da idade, mas sim como consequência dos seus níveis de capacidade.
Defendendo uma população idosa mais activa no mercado de trabalho, Sibila Marques explica que uma mudança a este nível proporcionaria “ganhos de produtividade” e nega que os mais jovens possam ter mais criatividade e produtividade no exercício das suas funções.

A também psicóloga refere ainda o mercado, com publicidades direccionadas para idosos, algo que afirma já acontecer, e a educação junto das crianças como soluções para um afastamento das actuais ideias discriminatórias relativas ao envelhecimento. Quanto à questão que tem vindo a ser colocada na Europa, sobre um aumento da percentagem de desemprego entre os jovens, caso os idosos se mantenham nos seus postos de trabalho até mais tarde, Sibila Marques explica que uma cooperação e conjugação entre ambas as gerações poderia trazer benefícios ao mercado, nomeadamente ao nível do empreendedorismo.

Sibila refere ainda questões de saúde, explicando que os portugueses têm tendência para associar envelhecimento a doenças, sendo o “mal-estar” sentido pelos idosos influenciado por este factor. E assevera que o papel do médico é aqui fundamental, já que em Portugal estes profissionais tratam, por vezes, os seus pacientes como “incapazes” devido à sua idade. 
A psicóloga afirma ainda que a fusão entre as pastas da saúde e da segurança social, que tem vindo a ser discutida nos últimos tempos, podia ser uma solução vantajosa para a criação de políticas direccionadas para o envelhecimento e acredita que os partidos “não estejam atentos” a esta problemática, ainda pouco falada “na nossa sociedade”.
 

Sibila Marques e António Barreto, revelam também uma preocupação sobre os estereótipos associados à velhice e à integração dos mais velhos no mercado de trabalho à semelhança do documentário sobre o papel social dos idosos no Estado de Santa Catarina, Brasil.

No documentário denota-se a preocupação desta comunidade relativamente ao envelhecimento, sustentada por vários testemunhos que apelam à integração no mercado de trabalho independentemente da idade. O facto de se terem 60 ou mais anos não invalida que a pessoa seja “capaz” de desempenhar as funções que lhe sejam incumbidas. Também António Barreto se mostra contra a reforma nos 65 anos, já que depende do estado de saúde da pessoa reformar-se o não, a experiência dos mais velhos devia ser tida em conta em detrimento daquilo que as sociedades fazem, que se resume a uma rotulagem de “incapaz” e “inútil”. Este documentário demonstra interesse e preocupação em relação aos idosos, demonstra interesse em proteger e defender os interesses dos mais velhos e ao mesmo tempo alertar a sociedade para a necessidade que há em respeitar, dignificar e incluir aqueles que muito podem contribuir com os seus ensinamentos às gerações mais novas. Tal como é referido no documentário a responsabilidade e predisposição para o trabalho numa faixa etária mais alta é benéfico tanto para a entidade empregadora como para o trabalhador que ao mesmo tempo tem uma ocupação,  pode proporcionar aprendizagens noutros através de legados das suas vivências.

É sobre esta integração que os governos e as sociedades se devem debruçar, incluir no mercado de trabalho os mais velhos, desde que reúnam condições físicas e psicológicas, para poderem assegurar a sua sustentabilidade, manter a sua qualidade de vida e contribuírem economicamente para um estado social que diz em declínio.

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https://www.publico.pt/sociedade/noticia/antonio-barreto-critica-idade-de-reforma-obrigatoria-149887