Ao longo da vida são vários os papéis sociais que cada cidadão desempenha na sociedade. Os papéis sociais estão interligados e associados a múltiplas atividades e teias de relações em que hoje em dia a maioria de nós se vê envolvido.
Tal como a maioria dos indivíduos também eu desempenho vários papéis sociais no meu quotidiano. Sou filha, mãe, mulher, profissional, amiga, estudante, irmã, tia, cunhada, entre outros papéis de menor relevo que assumo com frequência. Enquanto filha houve desde sempre uma estreita colaboração entre mim, o meu pai, mãe e irmão, foram-me transmitidos valores que perduram até hoje, foram-me transmitidos ensinamentos, regras de convivência, mas acima de tudo destaco os laços de afetividade, carinho, amizade com que sempre vivi. Hoje sou eu que retribuo tudo aquilo que antes me foi dado e hoje por fruto das circunstâncias não me é dado da mesma forma. O papel que desempenho como filha nem sempre o considero fácil, é muito penoso para mim ver os meus pais tal como os vejo, impotente para mudar o que quer que seja, contudo a proximidade que mantenho com eles, o carinho e afetividade que lhes transmito, as atividades de vida diária que com eles desenvolvo confortam-me pelo facto de ter feito de tudo o que estava ao meu alcance, sinto que cumpro o meu papel enquanto filha. Desde muito nova que senti que houvesse uma inversão de papéis na minha vida, tinha apenas 22 anos, nesta altura deixei de ter a proteção, ajuda, entre outras, deixei de ser cuidada para passar a ser cuidadora. Tempos bastante difíceis, em que a tristeza muitas vezes fez parte do meu estado de alma. Sempre fui persistente, sempre quis estar por perto, acompanhar, tratar, acarinhar e assim tenho feito ao longo de duas décadas, obviamente com erros, porque em simultâneo tenho muitos outros papéis a desempenhar. Posso dizer que apesar das contrariedades, me sinto bem comigo mesma, perpétuo valores e regras que hoje transmito aos meus filhos.
Como mulher vivo com o meu marido uma relação baseada no respeito, afetividade e de entreajuda. Asseguramos aos nossos filhos todos os meios para que cresçam num ambiente saudável e equilibrado, que lhes permita desenvolver competências, aprendizagens, valores, atitudes e comportamentos que sustentem a sua vida futura.
Como mãe desenvolvo o papel de educadora, amiga, cúmplice, confidente, acima de tudo temos enraizados fortes laços de afetividade, carinho e ternura. Faço o acompanhamento escolar, das atividades curriculares e extracurriculares, promovo a auto-estima e auto-confiança, bem como todas as regras de socialização para a integração na sociedade. Fortaleço as relações interpessoais, promovo a socialização, de modo a que no futuro os meus filhos sejam adultos conscientes e responsáveis.
Com os amigos assumo sempre uma conduta de confidente, de ajuda, de partilha, ouço-os manifestando a minha opinião, encorajo-os na tomada de decisões, partilhamos bons e maus momentos sempre com a mesma atitude.
Como irmã, tia e cunhada mantenho uma postura participativa, acompanho os momentos bons e menos bons, sendo mais velha assumo alguma proteção face ao meu irmão, não só agora, mas desde muito cedo em virtude do estado de saúde dos meus pais, ( aquando do diagnóstico a doença do meu pai e do AVC sofrido pela minha mãe) porque na altura o meu irmão tinha apenas 15 anos.
Como profissional desempenho todas as tarefas que me são propostas, colaboro com alunos e com a instituição de forma a não defraudar as expectativas, gosto de trabalhar em grupo, porque entendo ser uma mais-valia para todos os envolvidos e uma forma de partilhar saberes e competências. Gosto de ajudar e ser ajudada. Considero ter uma postura adequada e correta para com os outros face ao trabalho e ao relacionamento que mantenho com a comunidade onde estou inserida.
Haverá outros papéis que assumo no meu quotidiano, no entanto estes são possivelmente aqueles que têm mais destaque no meu dia a dia.
Com a alteração de papéis sociais da mulher após o 25 de Abril, somos confrontadas com a dificuldade de conciliar tantos papéis em simultâneo, contudo somos forçadas a arranjar estratégias que nos permitam dar resposta atempada a todas as solicitações, não é fácil, mas também não é impossível. A determinação, motivação, vontade, querer, entre outros são cruciais para contornar os obstáculos diários.